
Como em todo o grupo, associação ou sociedade humana, também a Igreja tem a sua liderança. Esta vem de Jesus e tem nele o seu fundamento e referência permanente. Jesus chamou e congregou os seus apóstolos. Ele foi sempre o seu líder, mestre, animador, aquele que manteve coeso o grupo e o preparou para dar continuidade à missão recebida do Pai impulsionada pelo Espírito Santo. Ainda com Jesus, o grupo dos discípulos conheceu um princípio de organização: Pedro aparece como porta-voz dos outros, Judas era uma espécie de administrador dos bens comuns e João vivia uma proximidade particular em relação ao Mestre. O próprio Jesus reconhece a liderança de Pedro e confia-lhe a tarefa de confirmar os outros.
A todos os discípulos, com o gesto do lava-pés, Jesus deixou claro que o serviço mútuo fraterno deveria constituir a sua característica marcante, aquela que testemunharia a existência do amor entre eles. Jesus disse-lhes ainda que entre eles não deveria acontecer como nas sociedades, onde os que têm poder exercem domínio sobre os outros. Entre os discípulos, na comunidade cristã e na Igreja, todos são irmãos, daí a igualdade fundamental entre eles; e a autoridade é entendida como serviço fraterno, como ajuda por amor. A comunidade cristã deverá, portanto, ser toda ela ministerial, onde todos se ajudam uns aos outros. A palavra ministério tem o mesmo significado que serviço.
Após a morte e ressurreição de Jesus, é Pedro quem assume claramente a liderança do grupo dos apóstolos e da comunidade mais ampla dos discípulos. Ele não sucede a Jesus nem o substitui, age em seu nome e na dependência dele. Jesus permanece a autoridade principal da Igreja, e os seus apóstolos exercem a missão de seus colaboradores e testemunhas. Eles anunciam o Evangelho de Jesus, administram o baptismo, impõem as mãos para invocar o dom do Espírito sobre os novos discípulos ou para confiar a alguns uma missão especial na comunidade. À medida que a Igreja cresce, também se vai configurando nela o sentido do ministério, isto é, do serviço espiritual, da liderança e da autoridade. Vão-se também organizando e diversificando as responsabilidades confiadas àqueles que depois passarão a ser designados como bispos, presbíteros e diáconos, como se pode ler, por exemplo, nas cartas de S. Paulo a Timóteo e a Tito. Mas, alem destes, o Apóstolo menciona vários outros ministérios.
O ministério na Igreja vem, portanto, de Jesus, através dos apóstolos, numa continuidade histórica. O próprio Jesus afirmou a dependência dele ao dizer aos apóstolos: “Quem vos ouve a Mim ouve, quem vos despreza a mim despreza”. E estas palavras valem também para quantos, hoje, desempenham o ministério ordenado na Igreja. Ele é desempenhado por pessoas humanas que, segundo cremos, são chamadas por Jesus, confirmadas pelos pastores da Igreja e ungidas pelo Espírito Santo mediante o sacramento da Ordem. Bispos, presbíteros e diáconos exercem na Igreja, nos seus diversos níveis, serviços estruturantes para promover a comunhão e o crescimento das comunidades cristãs.
Mas há ainda outros serviços importantes para a vida e a missão da Igreja, exercidos por diferentes fiéis impelidos pela graça do Baptismo e da unção com o crisma, e animados frequentemente por dons do Espírito. São serviços ligados ao anúncio e testemunho do Evangelho, à prática da oração e à promoção do crescimento espiritual nos irmãos, à assistência caritativa nas necessidades dos homens e das mulheres, à dinamização de grupos ou iniciativas, à administração e à partilha de bens nas comunidades, etc. Todos eles são importantes para fortalecimento e crescimento da Igreja. São ministérios, por vezes, instituídos ou confiados oficialmente, ou então simplesmente exercidos de facto.

Se o ministério ordenado é estrutural para a Igreja, os ministérios laicais são fundamentais para a vitalidade do corpo eclesial e para irradiar o seu testemunho no mundo. É através de ambos que se configura a comunidade eclesial toda ela ministerial, dinâmica na prática do serviço, como expressão de amor, quer entre os seus membros quer em relação aos outros homens e mulheres no mundo.
IN: Canção Nova
Sem comentários:
Enviar um comentário