
O dissidente artista chinês Ai Weiwei, cujo desaparecimento em Abril causou um enorme clamor internacional, resistiu a uma intensa pressão psicológica nos 81 dias em que esteve preso em local secreto e ainda enfrenta a ameaça de prisão por suposta subversão, disse uma fonte próxima de Weiwei.
No primeiro relato do tratamento dispensado a Ai Weiwei durante a sua detenção desde que foi libertado em Junho, a referida fonte, que não quis ser identificada por temer represálias, disse que o artista, de 54 anos, foi interrogado mais de 50 vezes pela polícia, enquanto esteve detido em dois lugares secretos.
O interrogatório centrou-se no seu suposto papel nos protestos da "Revolução do Jasmim" na China, de inspiração árabe, em Fevereiro, e nos seus escritos que poderiam ser qualificados de subversivos, disse a fonte. O relato contradiz as repetidas declarações do governo chinês de que a detenção de Ai foi baseada em supostos delitos financeiros.
No segundo local, onde Ai Weiwei esteve por 67 dias, o artista famoso pelo trabalho do Estádio Olímpico Ninho do Pássaro, em Pequim, foi vigiado por dois policiais durante 24 horas por dia, que ficavam a centímetros de distância, observando cada movimento seu inclusive enquanto dormia. Ai Weiwei tinha de pedir aos agentes permissão para beber água e usar a casa de banho e não tinha permissão para falar. Quando dormia, era exigido que colocasse as mãos por cima da manta, disse a fonte. "Foi uma pressão psicológica imensa", disse a fonte.
A situação dos direitos humanos é acompanhada com particular atenção pelo Vaticano, que mantém uma relação tensa com a República Popular da China. Recorde-se que o Vaticano e a China não têm relações diplomáticas oficiais desde 1951, data em que a Santa Sé reconheceu Taiwan, situação que se deteriorou ainda mais em 1957, quando a China decidiu organizar a sua própria igreja à revelia de Roma.
Estima-se que existam hoje cerca de 5,7 milhões de católicos chineses, de acordo com dados oficiais, mas estes estão divididos entre a igreja oficial, cujo clero depende das autoridades comunistas, e uma igreja não reconhecida, chamada de "subterrânea", que obedece ao Papa.
Departamento de Informação da Fundação AIS
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