
O Egipto não se pacificou com a queda do regime de Hosni Mubarak. As mesmas pessoas que há sete meses protestaram até derrubar a ditadura, agora correm o risco de serem julgadas por tribunais militares ou simplesmente detidas por opinar sobre a imprevisível transição egípcia.
Partidos políticos e grupos de direitos humanos consultados pela agência de notícias Efe, levantaram a voz contra estas práticas, consideradas um abuso de poder das autoridades militares, que continuam a agir invocando a Lei de Emergência, em vigor desde 1981.
Os números divulgados esta semana pela Justiça militar são conclusivos: entre 28 de Janeiro e 29 de Agosto, os tribunais militares levaram à justiça quase 12 mil civis, seis vezes mais do que os cerca de 2 mil que passaram por suas salas nos últimos 20 anos.
Sem dados oficiais sobre detenções, pode parecer que no Egipto exerce-se livremente o direito de associação e manifestação, que inclui a liberdade religiosa, mas há testemunhos que põem isso em dúvida. Para Said Haddadi, investigador da Amnistia Internacional, muitas pessoas foram detidas e agora enfrentam julgamentos militares por associar-se e expressar os seus ideias, mas também por casos de violência e desobediência.
O paradoxo, é que as pessoas podem sair às ruas e criticar o que não gostam, mas ao mesmo tempo os agentes da segurança aproveitam essa situação para deter os activistas políticos.
No que se refere especificamente à liberdade religiosa, recorde-se que a situação “é considerada preocupante”. Quem o diz é a Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos (USCIRF) no seu relatório anual referente a 2011 e publicado em Abril. Esta comissão acrescentou o nome do Egipto à lista das nações consideradas como "países de especial preocupação" .
Trata-se de países com violações sistemáticas e graves à liberdade religiosa. Aparecem na lista a Birmânia, a China, a Eritreia, o Irão, o Iraque, a Nigéria, a Coreia do Norte, o Paquistão, a Arábia Saudita, o Sudão, o Turquemenistão, o Uzbequistão e o Vietname.
"No caso do Egipto, aumentaram drasticamente as violações graves à liberdade religiosa, cometidas ou toleradas pelo governo, com violências que incluem assassinatos contra os cristãos coptas e outras minorias religiosas", afirma o presidente da USCIRF, Leonard Leo.
Departamento de Informação da Fundação AIS
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